sábado, 5 de novembro de 2011

Por uma Unidade Neonatal Amiga do Bebê Prematuro

As Unidades Neonatais são o destino indiscutivel do bebe nascido prematuramente em condições de instabilidade clinica.
O grande desafio da neonatologia é desenvolver ações terapeuticas relacionadas com a recuperação clinica do bebê em coexistencia com um atendimento respeitoso para com esse bebê, levando em conta, além da recuperação clinica, a presevação do equilibrio de seu desenvolvimento neuropsicomotor.
Quando em 1990 a UNICEF estabeleceu para o mundo as bases para o funcionamento de um hospital que por suas caracteristicas diferenciadas seria conhecido como Hospital Amigo da Criança, ainda que com essa iniciativa permitisse um avanço incalculável da proteção dessa infancia, não contemplou nessa iniciativa o nascimento prematuro e suas inumeras consequencias para o bebe, sua mãe, sua familia, seus cuidadores e toda sociedade.
São quase quinze milhões de nascimentos prematuros por ano no mundo.
No Brasil o numero de nascimentos prematuros cresce a cada ano, alcançando o indice de aproximadamente 10% dos nascidos vivos em nosso pais.
Pensando nesse pequeno continente de pequenos recem nascidos dentro de nosso grande país, entendemos a necessidade de as instituições cuidadoras estabelecerem parametros protetivos de cuidado, de modo a poderem ser consideradas como Unidades Neonatais Amigas do Bebê Prematuro.
Eis os 12 passos propostos para essa titulação;

1. As Unidades Neonatais devem possuir norma escrita envolvendo o cuidado do neonato voltado para seu desenvolvimento e centrado na familia, permitindo o vinculo e o cuidado harmonioso do bebê.
2. As Unidades Neonatais devem estar localizadas em areas de acesso facilitado à puerpera e à sua familia.
3. A mãe e o bebê passarão a ser considerados um elo indivisivel, devendo por isso ser garandida a permanencia materna ao lado do bebê pelo periodo em que durar a internação e por 24 horas diarias ininterruptas caso isso seja desejo da mãe.
4. Os cuidadores deverão necessariamente ter conhecimentos basicos  acerca do desenvolvimento neuropsicomotor dos recem-nascidos, o que permitirá a modulação do cuidado e a individualização do tratamento oferecid.
5. O volume do som da Unidade deverá ser respeitoso para com os bebês ali assistidos, procurando não ultrapassar os limites da tolerancia harmonica com a organização desses bebês. A voz humana será utilizada de maneira sutil e responsavel, devendo fazer parte de toda a equipe a consciencia da importancia para a saude do bebê da preservação desses limites.
6. A luz na Unidade Neonatal deverá permitir o estabelecimento de periodos de redução de lumnosidade geral, permitindo a diferenciação da iluminação por leito, no molde das iluminações de cortesia, facilitando os periodos de sono e vigilia.
7. A dor na Unidade Neonatal deverá ser reconhecida como meta de cuidado. Esse reconhecimento levará à adoção de medidas preventivas de seus efeitos. Metodologias não medicamentosas de proteção da dor deverão ser sistematicamente implementadas. Esta rotina, por sua importancia protetiva do bem estar do bebê, deverá estar registrada em protocolos de funcionamento da Unidade e ser respeitada por toda a equipe.
8. A manipulação dos bebês cuidados na Unidade deverá obedecer critérios de necessidade real, prioridade, devendo ser executada em bloco e sempre permitindo a reorganização do bebe antes de cada nova intervenção. A prevenção do stress deverá assumir carater prioritário.
9. A Metodologia Mãe Canguru deverá ser adotada em todos os seus rigores, permitindo o cuidado harmonico e respeitoso da diade mãe-bebê e de seu entorno.
10. Nenhum custo deverá ser considerado excessivo quando sua finalidade for o cuidado do bebê e de sua familia. Iniciativas de apoio à presença materna e de prevenção de sua dor deverão ser estimuladas e instituidas. A espécie humana tem o dever intransferível de cuidar de si mesma.
11. A Unidade Neonatal deverá vivenciar de modo ampliado a transdisciplinariedade, devendo aplicar todos os seus esforços na construção de uma equipe multiprofissional de funcionamento harmonico, com equidade entre os profissionais e onde as condutas das diversas especialidade encontrem um fluxo de harmonia e convivencia construtiva e positiva, substituindo pareceres por uma multivisão cooperativa e visando o mesmo fim.
12. A amamentação de bebês prematuros deverá respeitar as capacidades maternas e as habilidades do bebê. Deverá recusar a imposição de parametros impostos que não levam em conta a prontidão materna e a capacidade de aprendizado de sucção do bebê.

É uma ideia.
É um desejo.
Um sonho.
Uma necessidade.

Um comentário:

  1. Vamos colocar esta idéia em prática.
    Desejar é o primeiro passo para se conseguir algo.
    Sonhar é a realização de um desejo que está inconsciente e trazer para a realidade consciente.
    Necessidade urgente, pois ainda se vê muita gente tratando os prematuros como objetos e não como sujeitos.
    Mãos a obra e vamos a luta com as Unidades Amigas do Prematuro.
    Abraços a todos nesta lida.
    Míriam R.de Faria Silveira

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